Xadrez de 2010 – a década da infâmia. Por Luis Nassif
(texto integral, sem edição por parte deste blog)
Lula foi vítima do próprio sucesso. De um lado, ganhou uma força política imbatível. Sem perspectivas de conquistar a presidência, a oposição passou a conspirar. De outro lado, incensado mundialmente, confiou desmedidamente na sua intuição política e republicanamente desarmou-se.
O Brasil vive o seu maior desafio como nação. Nos últimos anos houve uma hecatombe institucional cujos maiores responsáveis foram os grupos de mídia e o Supremo Tribunal Federal. Em uma disputa selvagem por poder, foram jogadas fora todas as conquistas da Constituição de 1988, desmontou-se o modelo político, destruíram-se as maiores fontes geradoras de emprego, desmontaram-se as políticas sociais, educacionais, científico-tecnológicas e matou-se provisoriamente o futuro, uma destruição iniciada no interinato de Michel Temer e consumada no governo Jair Bolsonaro.
Os historiadores, cientistas políticos, talvez consigam explicar, no futuro, o que levou uma nação ao suicídio.
Partidos políticos
Tudo começou quando um partido de esquerda, o PT, movimentou-se para o centro-esquerda, a social-democracia. Tinha como trunfo instrumentos da social-democracia que faltavam ao antigo aspirante, o PSDB, como sindicatos, movimentos sociais e um líder popular de expressão. E foi bem sucedido em suas políticas sociais, apesar da oposição infame da mídia.
Por seu lado, a financeirização empreendida no governo Fernando Henrique Cardoso, a morte de lideranças históricas, como Mario Covas e André Franco Montoro, a ascensão de duas lideranças inescrupulosas, como José Serra e Aécio Neves, e de uma liderança medíocre, como Geraldo Alckmin, afastaram cada vez mais o PSDB de qualquer veleidade programática. Sob FHC, Aécio e Serra, principalmente quando a popularidade de Lula bateu recordes, o PSDB tornou-se cada vez mais um partido de única bandeira: o “delenda PT”.
Mídia
Simultaneamente, os grupos de mídia entram em violenta crise econômica e, sem estratégia para enfrentar a quebra de barreiras representada pelos novos meios de comunicação, resolveram ganhar protagonismo político: “nós somos a verdadeira oposição”, dizia Roberto Civita, o pai do modelo. Teve início um período de jornalismo de esgoto, uma arma de guerra que estuprou todos os princípios jornalísticos, democráticos, plantou o ódio e contaminou irreversivelmente a democracia brasileira.
Supremo Tribunal Federal
Com suas armas preferidas – os ataques aos recalcitrantes e lisonja aos que aderiram – a mídia passou a monitorar as ações do Supremo, processo acentuado pela imprudência dos julgamentos televisionados e pela transformação de Ministros em celebridades.
Ministros dignos foram submetidos a escrachos; ministros indignos a aplausos televisivos; Ministros medíocres saudados como grandes poetas ou frasistas. E, com cenoura e chicote, o Supremo foi se moldando aos novos tempos de incúria.
Tinha-se, portanto, um partido que trocou a social-democracia pelo discurso de ódio, uma mídia que pretendia se tornar poder político para se salvar, e um Supremo passando a atuar sem os limites impostos pela Constituição.
Mas não ficou nisso. O vírus inicial espalhou-se por todos os poros da República.
As corporações públicas
As profissões de elite do setor público voltaram a ser prestigiadas com salários elevados. A nova elite do funcionalismo abdicou da missão de servidor público para assumir o espírito dos CEO de mercado. Como CEOs públicos, puderam frequentar cursos superiores, cursar MBAs, ganharam bolsas de suas instituições para estudar fora. Agora, queriam seu naco de poder.
Essa onda de protagonismo foi se espalhando pelo setor civil armado do Estado, as corporações com poder da caneta. O aprimoramento dos sistemas de controle, com o Tribunal de Contas da União, Controladoria Geral da União, Ministério Público Federal, criou entidades de poderes ilimitados, especialmente depois que a campanha em torno da Lava Jato oficializou a máxima de todo poder aos Catões.
Com o vácuo institucional, até as Forças Armadas entraram no jogo, através do seu comandante, general Villas Boas.
O PT
O julgamento do “mensalão” marcou o início desse jogo macabro, de falsificação diária de notícias, de fabricação diuturna de escândalos e de manipulação de provas.
Lula venceu a primeira rodada de golpe pela maneira como enfrentou a crise de 2008, que alçou-o à condição de político mais popular do planeta.
Durante algum tempo o país ressuscitou a auto-estima dos tempos de JK. O modo de ser brasileiro, as políticas sociais, o soft power, a liderança diplomática sobre os países do sul, o avanço diplomático-econômico na África, Oriente Médio, o sucesso do etanol e do agronegócio, a mediação de conflitos no Oriente Médio, tudo apontava para o nascimento de uma nova Nação.
Lula foi vítima do próprio sucesso. De um lado, ganhou força política imbatível. Sem perspectivas de conquistar a presidência, a oposição passou a acelerar a conspiração. De outro lado, incensado mundialmente, confiou desmedidamente na sua intuição política e desarmou-se. Descuidou-se nas indicações para Ministros do Supremo e abriu mão de qualquer tentativa de influenciar até poderes sob responsabilidade da Presidência – como a Polícia Federal, a indicação do Procurador Geral da República. Foi terrivelmente imprudente na negociação de cargos na Petrobras.
Mais que isso, cometeu dois erros fatais: na indicação da sua sucessão e ao abrir mão de concorrer nas eleições de 2014.
O caos
Aberto o caminho do vale-tudo, a partir da campanha do “mensalão” todos os pecados foram permitidos. Ministros do Supremo Tribunal Federal concordaram em participar de armações grosseiras sobre grampos, Ministros que assumiram como legalistas se encantaram com a nova onda, jogaram a Constituição no lixo e saíram rodando a baiana. Tudo isso perante um governo petista desarmado, inepto para enfrentar as disputas do poder.
Qualquer bobagem era motivo para explosões de escândalo de baixíssimo nível – quinquilharias, como a tapioca comprada com cartão corporativo, o perfil da jornalista alterado na Wikipédia, até factóides óbvios, como invasão das FARCs, dólares em garrafas de rum e outras obscenidades que marcaram para sempre a mídia brasileira.
O suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina foi a síntese macabra das libações da Justiça, obra conjunta de uma delegada da Polícia Federal, um procurador do Ministério Público Federal, uma juíza da Justiça Federal, da Controladoria Geral da República.
Até hoje, uma imprensa invertebrada, medrosa, foi incapaz de conferir ao episódio a gravidade de que se revestia, para não atrapalhar a estratégia do “delenda quem pensar diferente” ou simplesmente para não ir contra a onda.
Quando sobreveio a queda nas cotações de commodities, perdendo-se o bônus político dado pela economia, o país estava nas mãos honestas, sinceras, mas inexperientes e auto-suficientes de Dilma Rousseff.
Não houve condições de reorganizar a resistência política.
E agora, José? A noite chegou, o monstro surgiu, o custo dessa irresponsabilidade pode ser contabilizado no próprio número de mortes evitáveis do Covid, fruto do negacionismo do Frankenstein político que emergiu do cemitério em que foram enterradas as instituições e as esperanças de construir uma Nação digna.
Moro, Dallagnol, setoristas da Lava Jato, colunistas de ódio, Eduardo Cunha e seu grupo político foram apenas coadjuvantes, os germes oportunistas em um organismo enfraquecido pela atuação dos responsáveis maiores.
Peça 1 – o caráter nacional
A crise atual serviu para expor uma das piores heranças culturais do país: o chamado racismo estrutural.
Mas há um outro componente pouco estudado, talvez primo-irmão, o caráter das elites brasileiras e dos setores que ambicionam um lugar na chamada Casa Grande.
A maneira como mídia, Supremo, políticos, corporações públicas ingressaram no golpismo mais explícito, sem a menor preocupação com a imagem ou, melhor, regozijando-se com sua imagem refletida no esgoto, é um fenômeno típico de sociedades sem caráter.
Tenho a impressão de que a necessidade de se identificar com as classes altas seja um resquício da República Velha, na qual as classes de baixo, para se defenderem dos abusos da Justiça e do poder, tinham que se abrigar sob as asas de algum coronel local.
Essa submissão, por sua vez, gerava um sentimento de onipotência quando, por alguma razão, o cidadão normal, através de estudos passava a cumprir o papel de jagunço letrado, tornando-se defensor das demandas da classe superior junto às instituições de Estado – em uma função de jornalista, juiz ou Ministro do Supremo. Aí havia o deslumbramento total, dos que supunham ter conseguido a inclusão por cima.
Some-se o fato de uma sociedade historicamente permissiva, que permitia a convivência com traficantes de escravos, bicheiros, doleiros, desde que bem-sucedidos financeiramente. Grandes doleiros, contrabandistas, são aceitos com naturalidade nas sociedades do Rio ou de Brasilia, e confraternizam-se com autoridades no paraíso tropical de Miami.
Esse talvez seja o motivo por que, na guerra jurídico-midiática-política mais suja da história, não tenha ocorrido sequer as chamadas objeções de consciência como impeditivo. Por tal, entenda-se a atitude do motorista de um trator, que recebeu a ordem de destruir as casas de famílias sem terra. Ele se negou a cometer a crueldade. Recorreu à chamada objeção de consciência.
Nada disso se viu no período em que o ódio foi plantado, cevado e colhido. Não houve objeção de consciência por parte dos principais agentes da conspiração e sequer um mínimo de pudor, aquela pequena vergonha que acomete até as mentes mais insensíveis, quando flagradas em grandes malfeitos.
Em países com caráter, quem aderisse ao golpismo seria mal visto ao menos por sua categoria. Uma mídia com caráter denunciaria desvios de condutas, exporia os oportunistas, os excessivamente ambiciosos, os crimes cometidos pelos guardiões da lei.
Nada ocorreu. Pelo contrário, os bárbaros foram celebrados, houve pruridos da mídia até em divulgar o suicídio do reitor da UFSC.
Este foi o Brasil da década de 2010.
Por outro lado, começa a surgir uma onda de liberalização relativa, impulsionada pelos ventos externos. Alguns dos principais responsáveis pelo envenenamento político anterior ressurgem como baluartes da democracia – e nada lhes é cobrado, nem um mínimo de autocrítica.
Por tudo isso, nada espere desse aggiornamento liberal dos porta-vozes dos homens de bens, nem mesmo com as novas ondas que se propagam pelo mundo civilizado, como reação à barbárie da era Trump.
O país sem caráter só se submete a contingências de ordem política, de interesse pessoal e é reativo a movimentos de opinião pública. Jamais assumirá o protagonismo da defesa da civilização.
Portanto, movimentos virtuosos que vierem a surgir, serão externos a esses personagens centrais do golpe.
Peça 2 – a mídia
A guerra cultural inicial em 2005 criou uma geração de jornalistas assustados, enquadrados. Não os culpe. Passou a ser pré-condição para seguir carreira.
Agora, começa a haver uma pequena reação de algumas cabeças mais independentes, no pequeno espaço aberto por alguns veículos que perceberam que jornalistas com caráter próprio são peças centrais na credibilidade do veículo como um todo. Mas esse tipo de jornalista com luz própria ainda é minoria e pisa em ovos.
Além disso, o liberalismo midiático vai até o limite Lula. Persistem todas as idiossincrasias do período anterior, substituindo os assassinatos de reputação pela invisibilização. E tudo isso em um momento em que o mercado de opinião foi pulverizado por bolhas de todas as cores, tirando definitivamente da mídia o papel de mediadora central das discussões nacionais.
A grande contribuição da mídia será não repetir o jornalismo de esgoto do período anterior e deixar de aspirar a ser partido político.
Aliás, os editoriais de hoje da Folha e do Estadão escancaram a estreiteza de visão, em relação à maior crise política da história.
Peça 3 – o sistema de Justiça
Hoje em dia, o sistema de Justiça lembra os exércitos confederados depois da guerra da Secessão, grupos andando pelas estradas e fuzilando quem passasse pela frente, adversários, transeuntes, pouco importando. Bastava não vestir uniformes cor de cinza.
Primeiro foi a Lava Jato impulsionando o protagonismo político do Judiciário. Depois, o liberou geral de alguns tribunais, estimulando o lawfare judicial contra supostos adversários políticos.
Há em curso, também, uma guerra mundial interna no Judiciário.
A Procuradoria Geral da República monta uma ofensiva contra o juiz Marcelo Bretas e a Lava Jato Rio. Para se defender, ambos acertam uma operação que mira filhos de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Antes disso, a Lava Jato de Curitiba se valeu de suas ligações internacionais ilegais para tentar provas contra Ministros do Supremo.
Nessa frente, o fim da Lava Jato é um refresco, mesmo deixando indevassáveis vários porões dos tribunais superiores.
No Supremo, a entrada de um Ministro garantista, ainda que indicado por Bolsonaro, traz esperanças de uma pacificação da corte e da Justiça em geral. Mesmo porque, os batedores de 1a instância, que vão na linha de frente fuzilando adversários, jogando bombas nos inimigos, representam ameaças efetivas ao próprio conceito de hierarquia jurídica.
Além disso, o fim da onda punitivista faz com que Ministros-que-seguem-ondas, como Luís Roberto Barroso, passem a cavalgar outras ondas, desinteressando-se da guerra nada santa contra os garantistas do Supremo.
Não espere nenhuma contribuição do Supremo – e da Justiça – a um pacto civilizatório de envergadura. Mas, também, não será mais um protagonista político, limitando-se a convalidar as políticas econômicas de desmonte das redes de proteção social votadas pelo Congresso. O que não é pouco.
Peça 4 – as Forças Armadas
Hoje em dia as Forças Armadas estão irreversivelmente ligadas à imagem do governo Bolsonaro. Os erros dos generais de Bolsonaro na questão de energia, especialmente na Saúde, na articulação política, a apatia ante a liberação de armas, a aceitação pacífica da oferta abundante de empregos na área civil, fizeram com que as Forças Armadas brasileiras tivessem seu momento Malvinas.
Não se verá mais atitudes como a do general Villas Boas que, com um mero twitter, ajudou a consolidar o golpe jurídico-parlamentar. Mas será um enorme desafio desalojar os militares do enorme mercado de trabalho criado na área civil e nas escolas militares.
De qualquer modo, apesar da excelência dos institutos militares de tecnologia, não espere das Forças Armadas nenhuma contribuição à ideia de pacto ou projeto nacional. Seu papel no desenvolvimento industrial, desde as políticas industriais dos anos 30 ao desenvolvimento da indústria aeronáutica e do enriquecimento de urânio, são apenas retratos na parede. Hoje, o que viceja é o padrão Pazuello.
Peça 5 – os partidos políticos
O sistema partidário foi triturado. Hoje em dia, o jogo político se dá em torno de dois movimentos:
Liberalismo selvagem – movimento que junta o MMS – Mídia, Mercado e Supremo. Seu objetivo maior é sancionar o desmonte final do Estado. Todos seus movimentos buscam validar os negócios da privatização, o desmonte das políticas sociais, mas com um olho em 2022. É o que mantém Bolsonaro imune, apesar de todos os descalabros que comete. Sua aposta é em Luciano Huck, apesar dos esforços de João Dória Jr em se habilitar.
Progressistas – há uma corrente progressista presente nos movimentos sociais e em várias categorias profissionais. Hoje em dia, há os economistas pela democracia, os juízes, os procuradores e os policiais antifascistas. Mas não há um ponto de organização para essas demandas.
Espinha dorsal do petismo, o sindicalismo foi fuzilado a partir do interinato de Temer. Mesmo antes, jamais conseguiu sair das bolhas corporativas. E o PT não conseguiu se arejar para repetir o papel dos anos 80, do grande ônibus abrigando movimentos sociais de toda espécie.
Lula mantém-se como a grande liderança, mas sem as condições de articulação de antes. Caso semelhante ocorreu com Getúlio Vargas quando retornou do exílio interno e se tornou novamente presidente. As circunstâncias eram outras, os atores eram outros e ele não conseguiu se mover com a mesma desenvoltura política de antes.
Por outro lado, movimentos auspiciosos que estavam se formando – como a frente dos governadores do Nordeste – recuaram devido às fragilidades fiscais provocadas pela pandemia. E o ativismo político da Justiça liquidou com o grande articulador da frente, Ricardo Coutinho, ex-governador da Paraíba.
Dono dos melhores diagnósticos sobre a crise, Ciro Gomes padece do mesmo voluntarismo que o marcou a vida toda.
Em todo caso, à medida em que as esquerdas não conseguem apresentar uma proposta competitiva, e a direita se perde em devaneios com Huck, há um espaço para o novo conhecido, o bonapartismo de Ciro.
Peça 6 – sem conclusões
Vive-se um momento totalmente inconclusivo. A década de 2010 legou um país destroçado, com as instituições desmoralizadas, sem lideranças expressivas. Não existe vácuo na política mas também não existe, à vista, nenhuma instituição em condições de empalmar o poder – o que é bom, pois poderia significar a consolidação da ditadura em mãos de um poder.
Mas, como não existe vácuo na política, resta aguardar movimentos mais concretos para um xadrez mais assertivo. O agravamento da crise, misturando segunda onda do Covid-19, fim do auxílio emergencial, pressão de custos, certamente colocará fatos novos na mesa.
Link para acessar o Jornal GGN :
Hospital Emílio Ribas – Réquiem?

“O ENTERRO DO INSTITUTO DE INFECTOLOGIA EMÍLIO RIBAS”
Autora: Dra. Marta Ramalho
Médica Infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas desde 1992
Na última terça-feira, saí do meu plantão emiliano muito triste e envergonhada. Triste por ter acabado de saber que mais um andar (desta vez, o oitavo) se transformará em unidade SPDM. Com o pretexto quiçá falso de que não há enfermagem suficiente. Pretexto, aliás, não suficientemente demonstrado e combatido por quem teria a possibilidade de revertê-lo. Ao final, do Emílio “Raiz”, sobrará, até aqui, o ambulatório, uma UTI, o PS, o terceiro andar e o sexto andar.
Esse estado de coisas não teria ocorrido sem a aquiescência imoral da diretoria do hospital, cujo diretor, em live recente com o corpo clínico, disse textualmente que se o plano fosse a privatização da instituição, ele estaria fora, que não concordava com isso.
Ora, não é isso o que vemos…
- O modelo de gestão das enfermarias, chefiado por alguém que não tem vivência de unidades de internação, causou chagas e danos aos colegas e aos pacientes;
- Os residentes vão se espremendo e sofrendo com a falta de locais para exercício e treinamento de suas funções (para além do “samba de uma nota só”, o parco corpo clínico e a estrutura verticalizada das enfermarias promovem uma formação muito aquém da desejada);
- O hospital fechou a pediatria, esmagou os pediatras, solapou o ambulatório pediátrico;
- A SPDM avança inclemente sobre as unidades, inclusive internando pacientes de sexo diferente no mesmo quarto, sem se preocupar com questões minimamente humanizadas;
- O concurso que deveria ocorrer no menor prazo possível para repor quadros perdidos não tem menor perspectiva de acontecer.
Muito mais eu poderia falar para externar a minha tristeza de enxergar que, ao acender das épocas supostamente festivas, mais um pedaço do nosso Emílio Ribas é destinado à desnecessária e destrutiva terceirização. Sim, no apagar do ano de 2020, se amputa mais um pedaço desta instituição. Sorrateiramente…
Mas eu preciso falar da vergonha. Vergonha alheia, devo dizer. Vergonha da diretoria que prepara, como xeque-mate, o fechamento da porta do PS para liquidar de vez a fatura. Vergonha de ter um secretário de estado da saúde tão centrado nas palavras corretas que se esqueceu dos atos que pudessem dignificar o seu local de origem. Afinal de contas, foram necessárias muitas décadas para que tivéssemos um secretário emiliano. E, paradoxalmente, será esse secretário Emiliano que lacrará a natureza pública e plural de assistência, ensino e pesquisa do nosso hospital. Imensa vergonha desses chefes que nunca chegarão a ser líderes…”
Dra. Marta Ramalho
Médica Infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas
SP, 26/12/2020
Brasileiro, o mito

Desde o golpe completado em 2016, quando a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, foi apeada do poder por um julgamento político de contornos violentos que culminou com seu impeachment, seja em palavras de seres que defendiam o torturador, que tanto feriram aquela mulher, além de tantas outras pessoas, fico a pensar. Julgamento de viés conservador, iniciado por um senador birrento, que não teve a hombridade de perder nas urnas, apoiado por um legislativo no mínimo omisso e corrupto, com o beneplácito de um judiciário com imensa atração pelas coisas pecuniárias, e sob os holofotes de uma mídia que, durante os catorze anos de governos progressistas, jamais foi censurada como ora ocorre.
Esse capítulo da História contemporânea do Brasil, que se seguiu de um sistemático desmonte das conquistas populares, da destruição da indústria naval, civil, militar, petrolífera, sem contar com a ameaça de privatização das águas (o Brasil detém 26% da água potável do planeta Terra). Que prendeu um líder popular até que as eleições de 2018 elegeram o atual mandatário. Desnecessário dizer que o País agoniza.
Há uma questão que me intriga na História do Brasil: como pode um país de proporções continentais ser refém de um sistema que repete golpes contra o povo de tempos em tempos, desde os tempos da invasão (não foi descoberta, foi invasão mesmo)? Como pode um povo, que mobilizou o país em Junho de 2013, não ter força de reação contra o que hoje sofre e sofrerá, de forma bovina?
Não tenho como fugir de um paralelo com a mitologia grega.
Sísifo, rei de Corinto, é cantado na mitologia como um ser extremamente inteligente e astuto (https://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-geral/sisifo). Sem entrar nos inúmeros feitos desse ser, certo é que Zeus, o chefão do Olimpo, mandou que ele fosse aprisionado nos infernos, tendo como castigo carregar uma imensa pedra de mármore pelas encostas de uma montanha até que, ao chegar próximo ao topo, tal pedra fosse derrubada montanha abaixo, promovendo o reinício do processo até o final dos tempos.
Sísifo tornou-se conhecido por executar um trabalho rotineiro e cansativo. Tratava-se de um castigo para mostrar-lhe que os mortais não têm a liberdade dos deuses. Os mortais têm a liberdade de escolha, devendo, pois, concentrar-se nos afazeres da vida cotidiana, vivendo-a em sua plenitude, tornando-se criativos na repetição e na monotonia, segundo a interpretação dos deuses (sic).
Pois assim tem se comportado o cidadão brasileiro após golpes sucessivos: um carregador crônico de pedras. Sobrevivente de um trabalho exaustivo e incessante que, ciclicamente o faz retornar ao início até o final da vida.
O mito de Sísifo foi abordado por Albert Camus, em 1941. Para ele, o homem vive sua existência em busca de sua essência, do seu sentido, e encontra um mundo desconexo, ininteligível, guiados por entidades sufocantes como as religiões e ideologias políticas.
Isso, esse estado de coisas, lembra ao leitor alguma semelhança com nossa situação atual?
Seria interessante lembrar que, já por conta do processo eleitoral, o atual mandatário era chamado, justamente de mito?
Camus, em sua obra, conclui que a solução em não encontrar um sentido não deveria ser o suicídio (real ou metafórico), mas sim a revolta, a insurreição. Assim, Albert Camus chega a três consequências da plena aceitação do absurdo: a revolta, a liberdade, e a paixão. A revolta, no que tange à constatação de que a vida é absurda, sem sentido; a liberdade, haja vista a nossa condição humana (estamos sós e escolhemos) e; a paixão, já que não se vive a vida de outro modo.
Posto isto, constato aqui, com meus botões, que o mito não é o atual presidente, mas nós, o povo brasileiro.
Se não reagirmos, ainda que adiantada a destruição, estaremos fadados a continuar carregando um imenso peso, monotonamente indo ao final de uma vida de desesperança.
Reagir ou persistir-se escravo.
Paulo Truglio é médico
Brasil, “Celeiro do Mundo”- um paradoxo.
“No Brasil, apesar da crise mundial, a produção rural não parou. O homem do campo trabalhou como nunca, produziu, como sempre, alimentos para mais de 1 bilhão de pessoas. O Brasil contribuiu para que o mundo continuasse alimentado”, afirmou o presidente. “Garantimos a segurança alimentar a um sexto da população mundial (…) O Brasil desponta como o maior produtor mundial de alimentos.”
Assim declarou o presidente eleito do Brasil no dia 22 de Setembro de 2020 diante de uma incrédula plateia, na abertura dos trabalhos da Assembleia Geral da ONU.
Alguém disse, um dia, que o Brasil não é para amadores. E, pelo visto, é exatamente esse o motivo que me faz questionar: o que explica o fato de um país que exporta alimentos para um bilhão de pessoas ter, dentro de seu território, mais de dez milhões de famintos?
Para não tornar este texto enfadonho, vou citar apenas uma situação que pode nos fazer entender o cerne desse problema, desse virtual paradoxo. Em um passado não muito remoto, para ser mais preciso, no ano de 1952, um acordo militar firmado entre os EUA e o Brasil proibia que este vendesse matérias primas de valor estratégico, como o ferro, para países socialistas. Entre 1953 e 1954, Getúlio Vargas desobedeceu a este acordo, vendendo minério de ferro para a Polônia e Tchecoslováquia por preços mais altos do que aqueles pagos pelos EUA. Uma das causas de sua morte trágica, hoje se sabe, foi a impotência diante da reação dos estadunidenses. Fato idêntico ocorreu com Jânio Quadros em 21 de Agosto de 1961, quando anulou os termos daquele acordo que, diga-se de passagem, vendeu a maior jazida de ferro do mundo, avaliada à época em USD 200 bilhões, por USD 6 (seis!) milhões à Saint John Minning Co., empresa inglesa “legalmente habilitada a explorar” as jazidas de ferro e ouro de Minas Gerais desde os tempos do Império. Jânio renunciou, dizendo que “Forças terríveis se levantaram contra mim…”. [Fonte: “As Veias Abertas da América Latina”].
Entre os anos de 2017 e 2018, o IBGE estimou em dez milhões o número de pessoas em situação de grave insegurança alimentar, incluindo crianças. Na mesma pesquisa, o órgão estima em três milhões o incremento de pessoas famintas nos últimos cinco anos (com base no mesmo índice em 2013). [Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]
Fazem parte do mapa nações com mais de 5% da população em pobreza extrema. Na prática significa dizer que a cada 20 pessoas uma está em situação de pobreza e fome. [Fonte: FAO /ONU]
O mapa é utilizado pela ONU e outras organizações para concentrar medidas e projetos para erradicar a fome no planeta.
O Brasil que já fez por muitos anos parte desta triste estatística, havia saído do mapa da fome em 2014.
Muitos programas criados em nosso país foram inclusive aplicados em outros países na mesma situação, comprovando o resultado que tivemos com medidas como: Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA), Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Fome Zero.
Estes foram exemplos de políticas exportadas para países Asiáticos e Africanos para combater situações parecidas de pobreza e fome. [Fonte: https://fdr.com.br/2020/05/13/brasil-no-mapa-da-fome-novamente-entenda-como-a-crise-do-coronavirus-afeta-o-pais/ ]
Como entender o que ora ocorre? No próximo artigo, explicações plausíveis para o fenômeno.
Paulo Truglio é médico nutrólogo
Terra Arrasada

A repetição da História, ora como tragédia, ora como fraude, conforme a já conhecida expressão de Karl Marx, me leva a acreditar que tal repetição seja, não uma sequência de eventos naturais, mas um sádico comportamento humano no qual o rico submete o pobre.
Neste exato momento, o planeta experimenta uma repetição desse processo: o precário equilíbrio entre as nações. A pandemia do SARS CoV2, conhecida como covid-19, iniciada em algum ponto do planeta (quem foi o paciente zero? Um chinês? Um cientista do Fort Detrick nos EUA?), disseminou seu flagelo de maneira fulminante e colocou em xeque todo o conhecimento médico-científico dos últimos séculos. O comportamento polimorfo do vírus está a promover uma forte produção de conhecimento do qual, certamente, o mais relevante foi a importância do isolamento social como forma de barrar a disseminação da doença.
Infelizmente, apesar do que se observou no Extremo Oriente, bem como na Europa, tem encontrado pouco ou nenhum eco prático em nosso país. Neste exato momento, um colorido protocolo de relaxamento do isolamento social não apenas faz com que o viés da doença passe a ser de maior disseminação, como dá a concluir que em algum momento no futuro muito próximo, uma segunda onda da doença venha a acometer o mundo todo.
Mas isso já é de conhecimento público.
Uma sequela social desse flagelo, que deixou a humanidade mais frágil, os sistemas de saúde sobrecarregados, trouxe a lume a imensa capacidade humana de lucrar com a desgraça alheia. Temos, hoje, um cenário de terra arrasada em nosso País. As famílias que tinham um teto e comida comprada às custas do trabalho, estão diminuindo, dando novos contornos à já triste imagem de nossas urbes. Ruas, marquises, viadutos abrigam seres desamparados e famintos. Os empregos minguam de forma inédita. O mercado, essa entidade estranha, vai muito bem.
Essa sequela a que me refiro é, no geral, a mesma que sucede a guerras, epidemias e eventos da Natureza. A fome está instalada em todos os lados do País, no campo e na cidade.
Essa sequela, essa fome que tende a crescer talvez mais rápido que a própria pandemia, aqui, em nosso Brasil, deveu-se à arrogância, à estupidez, ao comportamento demencial de quem foi, que fique claro, eleito pelo voto popular, não obstante tudo o que já apregoava durante o período eleitoral. Defendeu a tortura e a morte, armou a população, não apenas com pistolas e revólveres, mas com outra arma, muito pior – o ódio ao semelhante, ao que lhe parece diferente, àquele cuja forma de pensar seja discordante.
Em nome de um patriotismo bisonho, cegamente obedecido por grande parte da população, nosso País mergulha na catástrofe dos países espoliados há três séculos pelo capital externo.
Essa fome que se agiganta dia após dia, essa que tinha tudo para não acontecer se não houvesse a Casa Grande e a Senzala, terá dois desfechos, ambos graves: a subserviência ou a conflagração interna.
Essa fome tinha tudo para estar sendo progressivamente sepultada. Havia um plano, uma ideia muito sólida, um ideal de país. Ou, por outra, lembrando Josué de Castro, “No mangue, tudo é, foi ou será caranguejo, inclusive o homem e a lama.” (in ‘A Fome’, http://www.josuedecastro.com.br).
Essa ideia, amputada há quatro anos, continua viva mas encarcerada, sob risco de desaparecer no discurso e ação diluídos de quem governa o Estado Brasileiro neste momento.
Não há mais tempo. Nós avisamos.
Paulo Truglio é médico nutrólogo.
Não Perdemos…ainda!
Essas taxas foram caindo ao longo do tempo em consequência das políticas de proteção social implementadas no princípio de 2002, e incrementadas nos anos seguintes.
Era muitíssimo comum ouvir expressões como “você não pode dar o peixe, tem que ensinar a pescar!”. Ocorre que, já antes daquele tempo, o campo progressista entendeu que, para que uma pessoa “aprendesse a pescar”, ela teria que ter força para segurar a vara de pesca. O mesmo ocorre com a criança em idade escolar – os velhos dizem, com sua sabedoria: ninguém aprende de barriga vazia!
Essa visão, ampla e inclusiva, permitiu que, não apenas a mortalidade infantil diminuísse, mas assim também a mortalidade materna, a evasão escolar, a ocorrência de doenças evitáveis, sem esquecer da desnutrição e saída de tantos milhões de pessoas da pobreza absoluta.
Neste momento em que a luta é tida como perdida, se olharmos ao redor, veremos soluções. Vamos por pontos.
ESTE É O NOSSO PAÍS
Então, nada mais lógico que tomar de volta o que o governo tira, dia após dia, o que é nosso.
Devido a uma sucessão de erros do atual governo, nosso poder de compra está caindo a cada dia. Neste exato momento, vemos que os alimentos da cesta básica estão subindo muito de preço. O arroz, por exemplo. Veja só, quanto você pagava por um saco de arroz de 5 kg há seis meses? E hoje?

Esse é o preço colhido hoje (13/09/2020) em um supermercado em bairro de classe média de Mogi das Cruzes. É, portanto, o preço do varejo. (foto acima)

E se, no lugar de comprarmos em supermercados, déssemos preferência aos mercadinhos, com marcas mais em conta ou, fizéssemos nossas compras em conjunto com nossos vizinhos em uma empresa atacadista?


Estes preços foram obtidos a partir de sites de empresas atacadistas existentes em todo o País. Não foi possível obter fotos na loja de um atacadista da minha cidade…havia seguranças no local, limitando a quantidade e as fotos.
Essa entidade abstrata chamada ‘o mercado‘ não está interessada no fato de as pessoas passarem necessidades alimentares ou sanitárias. É o lucro que importa. Agora, esse próprio mercado diz que os preços variam conforme há oferta e demanda. Se não houver demanda nos supermercados, terão que baixar os preços.
[ Este artigo faz parte de um conjunto a ser publicado rapidamente. Obrigado por ter lido. Pense nisso! ]
Mario Quintana
Mário Quintana…a poesia redentora e simples!
Machado de Assis
Machado de Assis…sem palavras!
Vai Piorar
Paulo Truglio é médico nutrólogo

BRASIL, Setembro de 2020.
Não há o que comemorar no Brasil neste final de inverno. A absurda cifra de 131.274 mortos pela epidemia do SARS CoV 19 no momento em que escrevo este artigo (13/09/2020), vírus cuja doença foi batizada Covid-19, alçou o Brasil a um recorde nada feliz, superou a Espanha e diversos países do leste.
Mas essa mortandade tem nome e sobrenome, além de ter sido eleita pelo voto direto e democrático nas eleições presidenciais de 2018. Não que seja a causa, é claro, mas é, sem duvida alguma, um grande complicador, conforme bem pode ser visto através da imprensa internacional. O que se elegeu não foi uma pessoa, mas uma ideia. Uma daquelas que já fez a humanidade tremer nas bases em passado não muito remoto.
Países do mundo todo fazem circular seu desassossego para com o atual mandatário brasileiro, seja pela política francamente entreguista, pelo descaso com a Amazônia em particular, e pelo meio ambiente em geral, sem contar o viés francamente fascista de sua administração. Esses fatos são conhecidos por quem lê, ainda que minimamente, a respeito do Brasil.
Mas não é este o foco deste artigo. Se está mal, pode piorar ainda mais.
Amartya Sen, professor de economia e filosofia na Universidade de Harvard, ganhou o prêmio Nobel de 1998 em parte por seu trabalho em demonstrar que a fome, nos tempos modernos, não é tipicamente o produto de uma falta de alimentos, mas sim, frequentemente gerada a partir de problemas nas redes de distribuição de alimentos ou de políticas governamentais no mundo em desenvolvimento.
Muito embora o combate à fome seja factível, é também verdade que , com poucas canetadas, um governo pode colocar a perder anos de trabalho implementados em períodos anteriores.
Se vista a palavra “política” pelo seu significado mais puro, podemos vislumbrar que, tanto a fome quanto a sua ausência, são questões políticas, uma vez que ambas interferem diretamente na pólis, no povo. É nesse momento que se nota o valor de um país ter ou não um círculo de proteção social.
Nesse sentido,temos que, em 2009, segundo o IBGE, 11,2 milhões de brasileiros — 5,8% da população — passaram fome por não terem recursos para comprar comida.
Em junho de 2013, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) premiou 38 países, entre eles o Brasil, por terem reduzido a fome pela metade bem antes do prazo de 2015, estabelecido pela ONU nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. O cumprimento da meta pelos países premiados considerou a diferença do número de famintos entre 1990 e 1992 e entre 2010 e 2012.
Cabe lembrar que, nas eleições de 2001 para a presidência do Brasil foi eleito um progressista cujo primeiro ato foi se propor a colocar na mesa do pobre três refeições ao dia. Nascia o programa Fome Zero, seguido por outros programas de inclusão social de imensa envergadura. Entre eles o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, o Luz Para Todos, a isenção de IPI (Imposto sobre Produção Industrial) de toda a ‘linha branca’ (fogões, geladeiras, lavadoras de roupa, etc.), além da mesma isenção para a aquisição dos automóveis 1.0) durante a chamada Crise Econômica de 2008. Graças a essa medida anticíclica, o Brasil reduziu em muito o impacto de tal crise no Brasil e manteve seu crescimento sustentável pelos anos seguintes.
No final de 2014, o índice de desemprego [TAXA MÉDIA ANUAL EM %] foi a repetição do mesmo indicador no ano anterior – 4,3% da população economicamente ativa estavam desempregados. Pelos padrões internacionais, esse índice equivale ao chamado ‘pleno emprego’. Atualmente, conforme dados do IBGE e PNAD Contínua, o mês de Maio/2020 fechou com uma taxa de desemprego de 12,9%, ou 12,7 milhões de pessoas.
No último dia 6 de Setembro, a chanceler alemã Angela Merkel vaticinou: ” a pandemia não só continua, mas deverá em Outubro um nível muito alto e a Europa sofrerá muito mais do que no primeiro semestre “. E arrematou: “(…) a Alemanha continuará distribuindo renda de sobrevivência para todos os cidadãos sem renda.”
A situação é das mais graves que a humanidade enfrentou em períodos fora de guerras de alcance global. Há, contudo, muito a ser feito, a começar pelo que seguia bem em nosso País e foi, subitamente, amputado: o ciclo de crescimento sustentável, tão odiado pelas camadas mais altas da população.
(*) NOTA – Este é o primeiro de uma série de artigos cujo foco é fornecer ideias e eventuais soluções para os problemas presentes, bem como para aqueles que virão. Pretendo escrever um a dois artigos por semana. Até lá! Obrigado por ter chegado até aqui.
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